Canis Sapiens Sapiens
Guilherme dos Santos Gomes, 24.09.22
Já chegou o Outono! Finalmente vou poder começar a dormir com uma mantinha sem ser olhado de lado!
Olá, caras pessoas, tudo em ordem ou não querem dizer? Ainda bem que sim. Ora, o que é que me traz cá hoje? Nada importante, portanto podem voltar ao que estavam a fazer, que o que aí vem não vos vai enriquecer de forma nenhuma.
Eu acho que os cães e as crianças de 2 anos são rigorosamente a mesma coisa (eu avisei que deviam ter ido embora!). Tirando o facto de serem de espécies diferentes, eu olho para uns e para outros e só vejo semelhanças. Passo a explicar:
- Em primeiro lugar, nem os cães nem os bebés sabem falar. Os cães ladram, e os bebés falam num dialecto que está ali algures entre o Mirandês, o Bosquímano e aquela língua em que se exprime o Emplastro. E ao que parece, assim como os cães percebem o ladrar uns dos outros, esta “língua dos bebés” é universal. É uma espécie de Esperanto que correu bem, mas só entre eles. Ainda por cima, aqui há uns anos saiu um estudo que indicava que os cães conseguem compreender, em média, tantas palavras como uma criança de 2-3 anos. Acho que não preciso de dizer mais nada...
- Em segundo, temos a coisa da dependência dos humanos (ou no caso dos bebés, dos adultos). Ambos, se não tiverem um “ser superior” que os alimente, lhes dê um lar, os eduque, etc., são extremamente vulneráveis e morrem facilmente. Os cães, apesar de tudo, lá se vão safando melhor. Mas os bebés não o conseguiriam fazer. Se bem que a ideia de uma trupe de bebés de rua me agrada e é extremamente engraçada.
- Ainda se dá o caso da obediência, em que os cães são claramente melhores. Estes, pelo menos respondem pelo nome, sentam-se, dão a pata, e assim. Vocês já tentaram chamar a atenção de um infante para lhe tirar uma fotografia? Os filhinhos da mamã não param quietos, caramba! E tantas bolas e paus já eu lancei para bebés irem apanhar, e os bandalhinhos não saem do sítio, pá! São muito indisciplinados, são sim senhor. Começo a achar bem a ideia que ouvi uma vez num episódio d’“O Incrível Mundo de Gumball” de que se deviam criar Infantários Militares. Haviam de ver se eles não iam ao sítio.
- Outro problema é andar com eles na rua. Os cães têm que andar com uma trela, que se não à primeira costeleta ou carteiro que virem saem disparados. As crianças parece que têm uma coisa por se causar dor ou o próprio falecimento, porque às vezes dá-lhes na cabeça e lá vão elas para o meio da estrada. Neste caso, aconselho uma coisa muito gira que vi na Chicco: corpetes com trela para bebés. “Ai, que horror, que coisa parva!”, mas não é. Li o depoimento de um pediatra que dizia que não só é seguro para os miúdos, como dá mais liberdade aos pais, que já não se vêm obrigados a estar sempre “em cima deles”. Queridos, é o que é!
Apesar disto tudo, e de se ter percebido que os cães são brutalmente melhores e mais úteis que as crianças, continua-se a tratar melhor os bebés que os pobres canídeos. Ainda há pessoas (pessoas nojentas, diga-se de passagem) que afogam ninhadas inteiras de cachorrinhos, só porque não estão para se chatear. Ora, se é legítimo levar a cabo este acto bárbaro, então também está tudo bem com deitar bebés no ecoponto amarelo! Não vejo porque não. É que se não fosse possível evitar que as cadelas engravidassem... Mas é possível, e indicado. Castrar os animais não lhes faz mal, pelo contrário. É que para além de evitar que eles se reproduzam, ainda faz com que eles sejam mais calmos e menos agressivos e evita doenças. Como é que um canito vai ter um tumor num testículo se não tiver testículos? Castrem os vossos animaizinhos, não sejam más pessoas. Depois de tudo isto, despeço-me, com amizade, até à próxima crónica!



