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A Psique de Guilherme

Dissertações acerca de temas vários levadas a cabo por um adolescente com, nota-se, demasiado tempo nas mãos e opiniões, e assim... A Blogosfera vive!

A Psique de Guilherme

Dissertações acerca de temas vários levadas a cabo por um adolescente com, nota-se, demasiado tempo nas mãos e opiniões, e assim... A Blogosfera vive!

Terror de Perdição

Avatar do autor Guilherme dos Santos Gomes, 29.10.22

Anda para aí um tempo muito esquisito. Nesta altura, eu fico sempre muito indeciso acerca do melhor método para regular a temperatura na minha cama. Nunca sei se devo vestir um pijama de meia-estação e dormir só com um lençolzito, ou se devo arriscar um de verão e meter um cobertor por cima...

Estou com uma ligeira virose intestinal que me causa algum desconforto, enxaquecas e assim (Porra! Devia ter esperado para fazer o texto sobre a Hipocondríase hoje!...), de maneiras que a crónica de hoje é sobre filmes de Terror. Tem alguma coisa a ver? Não, mas isso nunca me interessou muito.

Eu não gosto de filmes de terror. Não gosto, porque tenho algum interesse em dormir à noite. É uma coisa minha. Mas não é só por isto que não gosto, mas também porque esses filmes me chateiam. Há coisas muito parvas a acontecer, imensa previsibilidade, um plágio constante de uma fórmula já gasta. Hoje em dia é muito raro encontrar filmes de terror realmente cativantes. Não é todos os dias que se faz um “Exorcista”, um “Iluminado” ou um “Silêncio dos Inocentes”! Por isso, a grande maior parte das películas deste género são, no que ao argumento, à realização e à própria estética diz respeito, maus! E tudo piora com as sequelas.

Por exemplo, neste momento existem, e passo a listar: cinco “Gritos”, nove “Jogos Mortais”, nove “Massacres da Serra Eléctrica” e nove “Pesadelos em Elm Street”, doze “Sexta-Feira 13” e treze “Halloweens”. Tudo filmes sobre assassinos, que de variadíssimas formas matam pessoas. Digam-me uma coisa: como é que ninguém apanha estes gajos? Já tiveram mais que tempo para isso! Por exemplo, o primeiro “Massacre da Serra Eléctrica” é de 1974! Há quase 50 anos que anda para aí um maníaco canibal a serrar pessoas e a polícia não faz nada! Eu até dou de barato aquilo de não apanharem o Freddy Krueger, porque ele só aparece nos sonhos, agora os outros. Eu adorava, juro que adorava, ver um filme de terror em que o assassino não conseguia matar ninguém. Estava ele a preparar-se para esfaquear um pobre inocente que caiu nas suas garras quando, de rompante, a polícia entra e acaba com aquela brincadeira toda! Era refrescante ver uma trama destas.

Também há o problema dos roteiros, que são todos tecidos de formas muito semelhantes. Há quase sempre um grupo de jovens que vai para um qualquer sítio, seja ele uma casa, um acampamento, ou o que quer que seja, que está assombrado ou onde vive um assassino... e eles já sabem. Eles costumam saber de antemão que “Olhem que esta casa está amaldiçoada, já se encheu foi para aqui de morrer gente, e é preciso ter cuidado que aqui ninguém está seguro”. E eles pensam “Não! Connosco não. Isto não tem nada. Quê? As paredes estão cheias de mofo, não há energia eléctrica, há teias-de-aranha nos cantos todos do tecto e símbolos demoníacos pintados no chão? É o dono da casa que é um excêntrico do caraças! Isto não há-de haver problema nenhum!”. E vão... e morrem. É sempre assim! Já não há surpresa nenhuma. Surpresa essa que deveria ser a preocupação principal numa trama de terror. Assim como a comédia, o terror precisa desse “factor surpresa” que desencadeia em nós uma reacção, que neste caso é um susto. Os cenários sombrios, os monstros assustadores e aquela musiquinha que nos penetra directamente no cérebro não são suficientes para fazer um filme minimamente aceitável.

É óbvio que, como eu disse no início, há bons filmes de terror, feitos por alguém que sabe o que está a fazer, com bons argumentos, bons crescendos, boas pausas, estéticas incríveis! Que quanto a isso não haja qualquer dúvida. Agora, a verdade é que os filmes que as pessoas veem, os mais comerciais, são francamente decepcionantes. Por isso, se não se quiserem desiludir e forem, como eu, muito piegas, vejam filmes como o eterno “Beetlejuice”, do Tim Burton, ou o falso documentário “O Que Fazemos Nas Sombras”, e assim passem uma boa tarde de segunda-feira.

Da minha parte é tudo. Despeço-me de vós como uma vez Winston Churchill se despediu de Jorge VI, então Rei de Inglaterra, numa reunião de urgência após a tomada de Paris pelas Forças do Eixo, em 1940: "Até para a semana!"...

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Trabalhos de Casa #4: “O Halloween"

Avatar do autor Guilherme dos Santos Gomes, 22.10.22

Estamos numa época mágica, cheia de magia, de felicidade, e de colesterol: o Halloween. Porque sim, é muito disso que se trata. Principalmente da parte do colesterol. Por essa razão (podia ser por outras, mas por acaso é por essa) é que hoje trago uma composição, no âmbito da recém galardoada rubrica “Trabalhos de Casa” (o galardão em questão foi um senhor que me parou na rua e me disse “Vi o teu vídeo. Estava fixe!”), acerca do imaginário desta popular festividade. O título não deixa margem para dúvidas, “O Halloween”, e a data é um tanto quanto incerta, mas suspeito que deverá rondar o dia 31 de Outubro de 2014. Iniciemos esta ramboia:

O Halloween é uma festa inglesa festejada no dia 31 de outubro. A palavra «Halloween» significa dia de todas as almas, mas normalmente, em portugal diz-se dia das bruxas. Nesse dia os meninos e as meninas mascaram-se de bruxas, vampiros, múmias, zombis, frankentestains e muito mais, batem nas portas dos vizinhos e pedem doçura ou travessura.

Algumas pessoas decoram as casas com teias de aranha ou esqueletos afingir e nas escolas fazem-se atividades temáticas.

Uma tradição do Halloween é apanhar abóboras e cortar caras feias, assustadoras ou bonitas e no fim recortar um buraco na cabeça, meter lá uma lanterna e iluminar a casa.

Aí, faz-se uma fogueira e conta-se histórias assustadoras sobre monstros e lendas sobre bruxas.

Como esse dia é sobre todas as almas algumas pessoas deixam pão e água na mesa toda a noite no pressentimento de alguém que já morreu volte a sua casa.

Mas isso deve ser tudo uma lenda inventada pelos inglêses.

Muito, muito giro, hã? Vamos começar pelo princípio: o termo Halloween significa “Dia de Todas as Almas”, em Portugal popularizou-se o nome “Dia das Bruxas”. Até aqui tudo bem. Noto melhorias. Mas depois começo a falar naquilo que é a “Doçura ou Travessura”. Ora, o Guilherme de 2022 tem, como em todos os temas, fortes opiniões acerca da “Doçura ou Travessura”: é uma coisa não muito inteligente de se fazer. Nos Estados Unidos talvez, porque as pessoas já estão preparadas para isso. Agora neste retângulo, neste jardim à beira-mar plantado, não tem grande lógica. Porque esta mendicidade diabética é uma tradição relativamente recente (se é que já lhe podemos chamar tradição). A maior parte das pessoas não está preparada para receber pequenos meliantes sobrenutridos à sua porta. O mais certo é acontecer um de três cenários: ou não abrem a porta; ou abrem, ficam embasbacados e acabam por dar meio pacote de bolachas Maria ou meia dúzia de moedas de cêntimo; ou então é alguém mal-intencionado que, das duas uma, ou dá doces envenenados ou então chama os putos para dentro de casa e limpa-lhes o sarampo. Mas atenção, eu não sei de nada! Não estou a par do desaparecimento de cinco crianças, entre os 11 e os 14 anos, no dia 31 de Outubro de 2017, por volta das 23:30h... Eu nem estava lá, como é que haveria de saber?

Forneço, também, um pequeno tutorial de como preparar uma abóbora a rigor para o Dia das Bruxas. Chamo a atenção para um pormenor: eu digo para se abrir um buraco na cabeça, não na abóbora. Temo, portanto, que os Nirvana tenham acabado por causa desta instrução mal dada... Além disto, a impressão com que eu fiquei foi que eu achava que aquilo de meter uma vela dentro da abóbora servia para iluminar a casa. Pois, porque nós estamos em 1910, não é? Pequeno palerma!...

Por fim, encerro com um "Mas isso deve ser tudo uma lenda inventada pelos inglêses.", que é como quem diz "Isto os Ingleses são uns aldrabões do caraças! Só estão bem a enganar os outros, é que é! A gente não se esquece de Methuen, pá! Filhos da mãe dos Britânicos! Contra os Bretões marchar, marchar!". No entanto, e espantem-se, mas não é que tenho razão? Ou melhor, quase. Diz aqui no site "significados.com.br" que "Os celtas acreditavam que no início do inverno os mortos regressavam para visitar suas casas e que assombrações surgiam para amaldiçoar seus animais e suas colheitas.". Que Celtas? Os da zona de Gales. Portanto, não é de todo descabido... Que eu não ando para aqui a dizer as coisas de cor!

Pronto, espero que tenham gostado. Até para a semana, pessoas!

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Posso dizer que sou uma pessoa que tem a mania... das doenças

Avatar do autor Guilherme dos Santos Gomes, 15.10.22

Então não é que houve um homem na Alemanha que mordeu um cão polícia? O quê? Como assim? Hã? É tão, mas tão giro quando coisas do imaginário popular ganham vida! Markl, já tens uma história para segunda-feira! Podes-me agradecer depois.

Eu sei. Eu sei que estavam à espera do quarto episódio dos “Trabalhos de Casa”, mas eu cheguei à conclusão que se eu fizer episódios quinzenalmente isto vai acabar num instante, portanto a partir de agora passará a ser de três em três semanas. A gerência agradece a compreensão!

Por isso, esta semana o que tenho para vos dar é uma canção!... Não, estou a gozar... Venho é pronunciar-me acerca de uma situação de qual padeço, e sobre a qual me é difícil falar: eu, Guilherme Gomes, sou hipocondríaco. Mas não sou daqueles hipocondríacos que nem podem pensar em adoecer! Eu não tenho problema nenhum (tenho, aliás, gozo) em ridicularizar e troçar das doenças e com a hipótese do meu próprio falecimento. No entanto, se notar em mim algo fora do normal, entro logo em parafuso! A crónica de hoje vai funcionar mais como um exercício de storytelling do que outra coisa qualquer, e destina-se a ajudar quem tem dúvidas. Se se identificar com alguma das situações que aqui vão ser narradas, temo que você possa ser um hipocondríaco, e é melhor consultar o seu médico ou farmacêutico!

A primeira história passou-se no Hospital da Luz. Estava na sala de espera, à espera para ser atendido (normalmente é para isso que se está na sala de espera, para esperar) e pus-me a olhar para um dos monitores que eles têm, onde passam vídeos explicativos sobre doenças. Falavam sobre a Osteoporose. Até aqui tudo bem. E eu começo a ler alguns sinais da doença: “perda de altura em 2,5cm” e começo logo a tirar-me as medidas; “ombros descaídos e aparecimento de corcunda” e pumba, Quasimodo; “dores nas costas” e dá-me logo um esticão; “menopausa” e eu penso “Ui, já foste!”. Esta foi a punchline da piada, pois sendo eu um homem, não vou ter menopausa, de maneiras que... não é? Peço desculpa.

A próxima história aconteceu num dia em que eu fui deitar a reciclagem fora. Passo pela caixa de correio, olho lá para dentro e reparo num papel. Tiro-o e percebo que é uma folha A4 com uma fotocópia de um papel escrito à mão de algum revendedor imobiliário com uns contactos, para caso eu estive interessado em vender a minha casa. Amachuquei o papel, deitei-o fora e voltei para dentro. No regresso lembrei-me de uma história que tinha lido dias antes, acerca de um senhor americano que tinha matado uma data de pessoas com cartas com Antrax, e ocorre-me “E se aquele papel estivesse envenenado?”. E, efeito imediato, começo logo a ficar com os braços dormentes, tonturas, uma dor de cabeça agonizante e começo a pensar que vou morrer. O certo é que isto já foi há uns bons meses e ainda estou aqui, por isso acho que não fui intoxicado...

Nesta altura, vocês devem estar para aí a pensar: “Tu és maluco, rapaz!”. E é verdade, sou, mas tenho a quem sair. A genética poderia ter-se encarregado de me fazer como o meu pai, que é um gajo que eu acho que só iria ao hospital para curar uma fractura exposta, e se lhe estivesse a doer muito. Mas não, fez-me como o meu avô. Não vou estar a dizer nomes, que ninguém precisa de saber quem é o Avô Luis, mas o certo é que eu “saio a ele”, apesar de ele ser um bocadinho pior que eu. Por exemplo, ele é daquelas pessoas que fica com aquela espuminha branca nos cantos da boca, de falar muito, e diz que uma ocasião viu não sei onde que isso podia ser um sintoma de AVC, e ficou a acreditar piamente nisso. Pois é, isto quem sai aos seus não é de Genebra... Adeus adeus, amigos meus!

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A Nova Virtualidade das Mesuras

Avatar do autor Guilherme dos Santos Gomes, 08.10.22

Já viram aquele anúncio da Wallapop, ou lá o que é, em que o rapaz se está a mudar e diz aos pais “Volto no Natal”? Completamente irrealista! Hoje em dia já ninguém consegue sair de casa dos pais antes dos 50!

Cá estamos, não é? Mais um dia, e tal. Pois... Bom, vamos à ordem de trabalhos: o que é que eu tenho hoje para propor (vá, não diria propor. Talvez impôr se aplique melhor, porque vocês ainda não têm nenhum voto nesta matéria)? Mais um bocadinho de indignação, talvez um pouco de irritação e, quem sabe, até mesmo repúdio. Não prometo nada, mas pode ser que sim. E tudo isto devido a uma práctica que me faz fervilhar o âmago: aquelas mensagens de “Bom dia!”, “Boa tarde!”, “Bom fim-de-semana!” que as pessoas teimam em mandar umas às outras e em grupos de WhatsApp. Porquê? Para quê? Quem é que teve esta ideia?

Estas saudações comerciais de algibeira costumam consistir numa imagem, normalmente com dimensões 1:1 (um quadrado, no fundo), de um santo, ou de um gatinho, ou com um desenho muito bonito de uma menina, etc. Quando são imagens gif (e sim, lê-se “guif”, não “jif”), tendem a ter uns textos com umas letras muito psicadélicas, estupidamente brilhantes, a piscar. Parece que têm o Natal todo metido lá dentro. Deve ser uma delícia para os epiléticos! Porque essa é outra, os textos. São muito pirosos. São demasiado optimistas e carregados de esperança. A vida não é assim tão boa e maravilhosa. O que é que a gente costuma fazer? Levanta-se, prepara-se, vai trabalhar, trabalha ali forte, volta para casa, faz o que tem a fazer e deita-se. Não há assim muito espaço para acontecer coisas incríveis, sejamos sinceros! “Esperançoso, foi assim que o meu coração amanheceu. Acreditando que tudo de bom vai acontecer. Que tudo vai dar certo, pra mim e pra você.”. Quem é que se dá ao trabalho de fabricar esta porcaria? Eu acho que se pedissem ao Chagas Freitas para escrever uma coisa destas, ele dizia “Peço imensa desculpa, mas é muita piroseira para mim!”. Acho que o Gustavo Santos preferia deixar de se amar a escrever isto! Nem o Raul Minh’alma era capaz de descer tão baixo, pá! Eu acho que eles devem forçar aquelas criancinhas indonésias que fazem as sapatilhas da Nike a escrever isto. Eu preferia ser vergastado a ter que bolsar uma frase desta qualidade! O problema é que há mais, e é aqui que eu tenho potencial para chocar pessoas. E é assim que entramos no “Tema Mais Gran...”. Desculpem! Isto é do Batáguas. Já agora, Batáguas, tu merecias aquele Globo mais que ninguém!

Apresento-vos um dos tipos de frase mais popular: “Bom dia... Que Deus te abençoe, te guarde, te cuide, te proteja, te livre e te dê um lindo dia de Domingo!”. Ora bem, vamos lá ver uma coisa. Eu, pessoalmente, não gostaria de ser protegido por Deus. E porquê? Vamos a estatísticas. Na Bíblia (no Antigo Testamento, em que Deus era uma entidade impiedosa que levava a cabo um massacre só porque lhe apetecia, porque estava aborrecido e porque podia) estão contabilizadas, pelo menos, 2552452 mortes por parte do Todo-Poderoso. Por Satanás, 10. E a mando de Deus! Tendo isto em conta, eu chego à conclusão que o Lucy (é Lúcifer, mas os amigos chamam-lhe Lucy) é melhor companhia para as tainadas que o Altíssimo. Eu não temia a Deus (até porque sou ateu), mas se calhar vou começar a fazê-lo. Não, se calhar não vou... De que é que eu estava a falar, mesmo? Ah, das mensagens de Bom Dia! É pá, parem com isso, que isso é chato como o caraças! É que ainda por cima a malta insiste, e continua a mandar! Façam um favor à sociedade e estejam quietinhos. Se querem dizer alguma coisa, escrevam-na mesmo. Custa muito chegar ao teclado e pôr “Boa noite!”? São só 10 carateres! Vá lá.

E pronto. Antes de me ir, queria só mandar um beijinho para os primos da França. Para os vossos, que eu não tenho lá ninguém! Adeus!

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Trabalhos de Casa #3: “Ajudar o próximo!”

Avatar do autor Guilherme dos Santos Gomes, 01.10.22

Estive a ver, e 5% das pessoas que subscrevem o meu canal no YouTube são do Brasil. Como sei que amanhã vocês vão ter uma eleição que promete ser histórica, só vos digo uma coisa: votem com cabeça!

Estamos nos tempos da solidariedade! Desde 1985, com o mítico “Abraço A Moçambique”, que já não se via tanta gente unida em prol de causas maiores que elas. Por isso é que hoje eu trago uma redacção sobre o fazer o bem e o ajudar os outros, e assim. O nome dela, “Ajudar o próximo!”. A data, 29 de Janeiro de 2016. E é desta que eu mostro de vez a minha incultura para aquilo que é, no fundo, a sociedade, e a vida, e a economia, e os direitos dos trabalhadores, e por aí adiante... Passo a apresentar, já de seguida, a composição “Ajudar o próximo!”. Não saiam daí, porque nós também não!

Era uma vez um menino chamado Valentim que tinha 12 anos e só olhava para o seu umbigo. Ele nunca ajudava os outros e pensava que o mundo girava à sua volta.

Quando a roupa deixava de lhe servir, ia para o lixo, porque ela preferia deitar fora do que dar às pessoas que necessitavam dela. Certo dia a mãe dele engravidou e os patrões, por ela estar grávida, despediram-na. A família do Valentim ficou na pobreza, porque o pai já não trabalhava há cerca de um mês.

O tempo passou e quando o Valentim fez 13 anos recebeu uma carta da empresa «Ajudar o próximo!» que o convidava a ir lá. Ele pediu permissão aos pais, e o pai levou-o.

Que lá chegou, uma senhora chamada Emília explicou-lhe no que consistia aquela empresa. Ela disse que aquela empresa. Ela disse que aquela empresa recolhia fundos para ajudar os pobres, os doentes, os necessitados... e também lhe explicou o que é partilhar e o que é ser solidário.

No fim da visita ela deu ao pai do menino cinco sacos cheios de comida e disse-lhe:

_Sr. Fonseca, aqui está uma coisa que eu sei que neste momento está a necessitar, mas não se esqueça: sempre que precisar de alguma coisa basta vir cá e pedir. E também tenho uma coisa para ti Valentim: um saco com roupa e um saco com brinquedos. E nunca te esqueças do que eu te disse sobre partilhar. Os brinquedos são para ti e para o teu irmão. Ah! Quase que me esquecia! Também tenho um saco de roupa para o teu irmão.

A partir daí o Valentim nunca mais foi o mesmo e aprendeu a partilhar.

Esta é difícil, pá! Ora bem, a história fala de um menino que era um filho da mãe e que deitava roupa fora como quem bebe água. Roupa e, ao que parece, dinheiro, porque a família conseguiu alcançar o patamar da pobreza em apenas um mês! Exacto, UM MÊS! Que raio de despesas é que esta gente tem que os levam a ficar sem nada em menos de 30 dias? Depois, temos uma senhora que, coitada, é burra. Primeiro, porque se sabia que a família estava numa situação financeira tão delicada, avançar para um segundo filho é só cavar uma sepultura maior. E segundo, porque me parece desconhecer uma coisa que se chama “Código do Trabalho” que refere, no Artigo 63º que “O despedimento de trabalhadora grávida [...] carece de parecer prévio da entidade competente [...]. O despedimento por facto imputável a trabalhador que se encontre em qualquer das situações referidas no número anterior presume-se feito sem justa causa.” e constitui uma contra-ordenação grave. Logo, o autor do texto demonstra uma descumunal ignorância relativamente àquilo que são os direitos dos trabalhadores. Por falar em trabalhadores, temos o senhor pai de Valentim, cujas razões do despedimento nunca são especificadas. Deve ter apanhado uma gripe, ou assim, e não se consegue trabalhar com malta que adoece. Ou então era cocainómano, o que poderá explicar as economias tão frágeis da família.

Por fim, temos a tal empresa, que só os ajuda a sair de uma situação precária e de fome UM ANO depois de nela terem entrado. Eu, pessoalmente, não consigo estar mais que meia dúzia de horas sem comer qualquer coisinha... Nós voltamos a ver-nos na próxima semana!

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