Trabalhos de Casa #14: "Onde me leva a imaginação"
Guilherme dos Santos Gomes, 17.06.23
“Bienvenidos” a mais um episódio da única e melhor rubrica da Psique de Guilherme! Esta semana, ocorreu-me que seria interessante colocar os “Trabalhos de Casa” a descansar. Como se trata de uma rubrica muito direccionada à escola, e visto que o calendário escolar está agora a terminar, acho que faria sentido meter umas Férias Grandes aos nossos tão amados “Trabalhos de Casa” e arranjar, até Setembro, uma rubrica de substituição. Qual? Logo verão! Agora vocês devem estar a pensar “Ui, que ele não nos diz o que vai fazer porque deve ter uma ideia do caraças e quer-nos fazer uma surpresa!”, mas não: eu não vos digo porque não sei o que raio fazer ao invés dos “Trabalhos de Casa”!... Mas a gente lá há-de arranjar qualquer coisita! Dito isto, passemos ao último texto desta primeira temporada dos “Trabalhos de Casa”, escrito no dia 18 de Setembro de 2015. O título já vos deve ser familiar, “Onde me leva a imaginação”, e se da última vez me levou para muito longe, com anões à mistura e tal, desta vez deixou-me num sítio para lá de estranho e sombrio. Temo que este texto possa, mesmo, arruinar a minha reputação. Aqui vai disto:
Olá, eu sou o Guilherme dos Santos Gomes ou só Gui. A minha alcunha é «rebenta cadeias» porque eu sou o maior trapalhão do universo. Tenho medo de tudo menos animais. No ano passado eu vi um homem azul a sair do quarto dos meus pais e a entrar no móvel dos sapatos. Gosto de waffles. Acho que o Big Bang está dentro do relógio «Big Bang» em Inglaterra. O meu país é a Guilândia. A banda de onde eu sou o vocalista são os “The Gui Snail’s». A minha tartaruga Verdinha morreu a 14 de junho de 2013. Eu gosto de escrever aspas («») nas palavras que acho importantes. Eu sou maluquinho. Nunca disse asneiras. Eu não sei fazer círculos certinhos. Se alguém me conta histórias de terror eu derreto de medo e pavor. Só gosto de 4 tipos de fruta. Tenho um mau perder. O fim do mundo é daqui a uma semana. Tenho medo dos gigantões, de cemitérios e das estátuas grandes da igreja. Paz e amor. Adoro a liberdade. Noutra vida fui um cão. Fico com frio quando tenho medo de alguma coisa. Quero chocolate. Não me falem de sapos. Roo as unhas. Os mortos vivem, mas são brancos. Dez mais dez é igual a: Incrível! Tenho medo! As minhas narinas falam comigo. Fim!
Acho que dá para perceber que tenho muito com que trabalhar. Este é um texto com muito suminho, é sim senhor. Antes de mais, devo-me justificar dizendo que sempre fui uma criança muito perturbada. A minha irmã havia sido roubada pela minha prima, o que me fez crescer relativamente só, e daí vêm todos os traumas que hoje são evidentes em mim. Por isso, sinto-me na obrigação de vos pedir desculpa.
Eu podia-me focar em cada ponto do texto, mas se o fizesse nem amanhã tínhamos saído daqui, de maneiras que vou pegar apenas no que considero de maior interesse e relevância. Ora, aquela coisa do homem azul, ou lá o que é, nem vale a pena estar a comentar, porque eu estava - aliás, acho que isto é uma coisa evidente, ao longo de toda a composição – sob o efeito de estupefacientes. Isso é ponto assente. Depois, revelo mais uma vez a minha grande imbecilidade, ao confundir o nome do mais famoso relógio de todo o planeta com o nome do evento que, teoriza-se, terá originado o Universo. O pior no meio disto tudo é que “Rolex” e “Big Bang” nem têm sonoridades parecidas, mas pronto. De seguida, falo do meu país, a Guilândia, e aqui gostaria de defender o meu eu com 9 anos (que é algo raro), porque ainda hoje considero a ideia de criar uma sociedade fictícia, com bandeira, legislação e até hino próprios interessantíssima e um exercício saudável de criatividade!
Outra coisa a que eu faço referência (e muito bem!) é à dificuldade em desenhar círculos certinhos. Se só isto já era frustrante, ainda mais chateado fico quando vejo na Internet vídeos de pessoas a traçar circunferências de forma imaculada com apenas uma rotação do braço! Como assim esta gente consegue desenhar círculos assim e eu nem com o auxílio de um compasso, pá? O Mundo está mesmo pejado de injustiças!
No final do texto, saio-me com um “os mortos vivem, mas são brancos”. Ah! RACISMO! Como assim as pessoas ficam caucasianas depois de falecer, pá? Estamos aqui para lixiviar a sociedade, ou o quê? Em pleno século XXI, faz-se uma declaração destas, pá? Mas estamos malucos? Vem-me agora um palerma destes dizer que, aquando do falecimento, que é só o que há de comum entre todos no planeta, as pessoas ficam brancas, considerando desta forma que a tez pálida é a mais natural e unificante?! Cancelem este gajo! Mas quem é que ele pensa que é? #CancelemGuilhermeGomes! Palhaço!
E pronto, depois de ter incitado a um motim contra a minha pessoa, me despeço com votos de felicidade e amizade para todos vós! Até para a semana, se ainda cá estivermos!...

