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A Psique de Guilherme

Dissertações acerca de temas vários levadas a cabo por um adolescente com, nota-se, demasiado tempo nas mãos e opiniões, e assim... A Blogosfera vive!

A Psique de Guilherme

Dissertações acerca de temas vários levadas a cabo por um adolescente com, nota-se, demasiado tempo nas mãos e opiniões, e assim... A Blogosfera vive!

A Barbearia Como Processo Evolutivo

Avatar do autor Guilherme dos Santos Gomes, 25.11.23

As crianças são parvas, e se há coisa que me irrita, são aqueles pequenos joguinhos e coisas estúpidas que elas inventam. Um dos que mais me tirava do sério era o seguinte:

_Foste à tropa?

_Não.

_Tiveste medo?

_Se não fui à tropa, como é que haveria de ter medo?

(O primeiro bate as palmas à frente da cara do segundo e este pisca os olhos)

_Tiveste!

_Tive medo agora, ó animal, que me bateste uma palma à frente da vista! De que reacção é que estavas à espera? Fod...

Sejam muito bem-vindos a mais uma das magníficas crónicas que vos são servidas ao Sábado à tarde... vá, pronto, ao final do dia... vá, ao início de Domingo... quando são servidas... Bom, deixem-se de ser picuinhas! Esta semana, o tema que trago para a mesa são os Barbeiros! Pode-se pensar que não há muito para dizer acerca destes profissionais da Escultura Capilar, mas a verdade é que este é um tema absolutamente fascinante! Começamos logo pela questão de como terão surgido os barbeiros. A minha teoria é a de que o ser-humano primitivo se terá apercebido de duas situações: primeiro, que aquela coisa do pêlo só atrapalha e é extremamente incómoda; segundo, que é um desprimor para uma espécie tão evoluída andar para aí trajada feita símio! De maneiras que delegamos a certas pessoas a tarefa de nos livrar desses tais pêlos bárbaros. Ao longo do tempo, estes profissionais foram evoluindo, abandonando aquela ideia de que eram apenas exterminadores de pilosidade capilar. Como é óbvio, em tudo há dissidentes e, neste caso, os reaccionários da indústria do corte capilar são chamados de “Cabeleireiros”. Os cabeleireiros são, de uma forma geral, uma versão alegadamente mais sofisticada do barbeiro, no entanto são apenas menos práticos e mais morosos. Por exemplo, a minha mãe foi ao cabeleireiro para fazer nuances em Abril e até hoje ainda não voltou! Ligou-me a meio de Setembro a dizer para meter uma panela de sopa ao lume, que ela era capaz de não demorar muito, mas nem sinal dela! Agora, chamo a atenção a um pormenor: eu sempre julguei que as únicas nuances que existiam nos cabeleireiros eram aquelas entre diferentes versões dos mexericos. Afinal, também é uma técnica de coloração de cabelos, que consiste no realce de uma certa tonalidade, no sentido de obter a luminosidade desejada para estes. Não serão procedimentos muito especifiquinhos? Desde permanentes, a madeixas, a "babylisses", a tratamentos à base de queratina, a "peelings", a extensões, os cabeleiros femininos oferecem-nos um vastíssimo leque de opções para deixar poderoso o cabelo das mulheres poderosas! Já nos salões masculinos, entre barba e cabelo, o que nos é apresentado é um catálogo de uma folha, apenas com a página da frente meia escrita, mas que nos diz tudo aquilo que precisamos de saber: o preço! Porque, a bem dizer, - e ao contrário dos cabeleireiros femininos - a única coisa relacionada com cuidado capilar que se ouve num barbeiro é "É para cortar? É, sim senhor!", e está! Não há cá mais conversas para ninguém! E um gajo nem está preocupado com o estilo do penteado! O barbeiro vai a olho e lá consegue tirar dali uma coisa mais ou menos jeitosinha. "Vou-lhe aparar aqui, cortar ali, uniformizar a situação, e o camandro.", e a gente diz que sim, porque, a bem dizer, não está muito preocupada com isso. A maior parte dos homens, creio, ainda encara o barbeiro um bocado como o ser-humano primitivo: é um senhor a quem pagamos para nos tirar daqui o pêlo que está a mais! E eu acho que está muito bem assim! Também por isso é que os valores dos cortes de mulher são completamente absurdos, quando comparados com os dos homens. Porque elas se preocupam mesmo, e querem parecer bem, logo não se importam de pagar preços (bastante) mais elevados por um serviço bem feito! E não quero com isto dizer que os cortes masculinos não podem ser classificados como "serviços bem feitos", mas a verdade é que 95% das pessoas que andam na rua com cortes ridículos são portadoras de um pénis...

Outra diferença entre os cabeleireiros e os barbeiros está na escolha das publicações e magazines que são fornecidos aos clientes quando nos sofázinhos de espera. Nos cabeleireiros, o que encontramos são revistas cor-de-rosa, ao nível de uma Maria, uma Nova Gente ou uma TV 7 Dias, mas nunca edições posteriores a 2009. As "notícias" mais recentes que lá figuram são, por exemplo, a nova colaboração entre os Per7ume e o Rui Veloso, o silicone da Luciana Abreu, a morte da Princesa Diana ou, em casos mais extremos, o Processo dos Távoras... Nos barbeiros, são-nos apresentados catálogos de capa dura dos anos 90, com gigantescas imagens de cortes masculinos pobremente impressas em folhas daquele papel meio plástico, em que as páginas até já estão todas amareladas e pegadas umas às outras, porque ninguém folheia aquilo há 25 anos! A nível de entretenimento, a indústria dos cabelos deixa um bocado a desejar, a verdade é essa.

Não podia terminar esta minha crónica sem deixar uma palavra de gratidão ao meu barbeiro de sempre. Porque há, entre os homens, uma ideia muito forte de fieldade ao seu barbeiro. O rumo da nossa vida pode mudar drasticamente, mas o nosso barbeiro será sempre o nosso barbeiro. Como se costuma dizer, “Bom homem ao seu barbeiro de sempre volta”! E, como tal, gostaria de deixar o meu abraço ao Tó-Zé, auto-intitulado “Escultor Capilar”, pelo serviço que me presta de há já muitos anos a esta parte! Um dia destes, passo aí no “Salão Jovem” para fazer um cortezinho! Aos restantes, o obrigado por estarem desse lado, e até para a semana!

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Trabalhos de Casa #16: "A bruxa Mimi"

Avatar do autor Guilherme dos Santos Gomes, 04.11.23

Este texto tinha sido pensado para a crónica da semana passada, de 28 de Outubro, mas na impossibilidade de a ter conseguido concluir, fica para hoje, daí haver certas referências a situações futuras que, de momento, são passadas. Era só isto que tinha para vos dizer: Hallo, pessoas! Como têm passado, nesta última semana? Bom, não interessa... Vamos a isto! Com o Halloween à porta, senti que faria algum sentido apresentar-vos um “Trabalhos de Casa” especial de dia das Bruxas. E que texto melhor do que um, exactamente, sobre uma bruxa? E é isso que tenho para vocês! Do dia 30 de Outubro de 2015, novamente fazendo parte da rubrica “Onde me leva a imaginação”, a composição “A bruxa Mimi”:

Era dia 30 de outubro e a bruxa Mimi estava a decorar a casa. Ela precisou de ajuda e fez uma magia:

_ Varinha minha, ajuda-me na decoração desta enorme mansão.

E num ressalto, a mansão ficou toda bonita. Já de noite, a Mimi foi deitar-se. As bruxas más, como não gostavam da Mimi, puseram mãos à obra e destruiram as decorações todas.

A Mimi acordou às 7h da manhã para ir fazer a comida, e viu que as decorações estavam todas rasgadas e partidas. Ela teve uma ideia: ir consultar a bola de cristal e perguntou-lhe:

_ Quem destruiu as minhas decorações?

Na bola apareceu a imagem das bruxas más. A Mimi pensou num plano. Ela fez um bolo com a pior coisa para as bruxas más: a bondade. Deixou o bolo na mesa e esperou.

Elas chegaram e a mais velha esmagou o bolo com um martelo. Mas, subitamente, a bondade espalhou-se e ficaram todas boas.

 

Aquilo que nos é contado é a história de Mimi, uma bruxa boa e amante do Halloween, a demanda por decorar a sua enorme mansão para esta data e as bruxas más, que se dão ao trabalho de arruinar o seu trabalho. Uma das coisas que me deixam algo confuso é o facto de a Mimi conseguir decorar a casa toda apenas com um estalar de dedos, fazendo uma magia ou o que é, mas de as bruxas más terem mesmo que pôr “as mãos à obra” para destruir a casa. Quer isto, portanto, dizer, que a Mimi é muito mais poderosa do que as outras bruxas. Nesse caso, e a ser verdade, havia mesmo necessidade de andar a perder tempo a fazer um bolo com “bondade”, quando podia perfeitamente tê-las parado apenas com um abracadabra? Porque essa é outra! Como é que se faz um bolo com uma característica humana? “Hum, este bolo está mesmo bom! O que é que leva? Altruísmo? Lealdade?”. Não é assim que funciona! Por esta ordem de ideias, os bolos que saem mal feitos devem ser aqueles com demasiados defeitos à mistura! Às tantas, o problema de os bolos baixarem não é da falta ou excesso de fermento: é do Pessimismo! Porque agora, por acaso, gostava de saber onde é que se podem comprar estas virtudes! Será que existe algum género de “Adjectivaria” onde se vendem destas características a granel, tipo charcutaria? São as questões que ficam e às quais ninguém tem a coragem de responder! Quem é que está por trás da candonga das qualidades? De certeza que isto são coisas que não se quer que se saibam, não é, Sr. Jerónimo Martins? Onde é que se posiciona o Pingo Doce no meio desta problemática toda, hein? O que é que levava aquele bolo que foi entregue na sua casa na última Quarta-Feira, por volta das 18:37? Bom, cala-te boca, que da maneira como andam os ânimos exaltados, qualquer dia matam-me à esquina de uma rua!

Mudando bruscamente de tópico, mas não abandonando o tema, vou fazer, porque me apetece, um “throwback” (que é como quem diz “recordar uma situação que já sucedeu”) até à crónica “Terror de Perdição”, do dia 29 de Outubro de 2022, para lhe acrescentar um pormenor. Se estão recordados, nessa crónica falou-se de filmes de terror e eu, em jeito de exemplo, referi o nome de várias sagas, entre elas a dos “Jogos Mortais”. Ora, na realidade, a categoria em que estes se inserem é, não a de “terror”, mas sim a de “horror”. E qual é a diferença entre estas duas? Em termos bastante simples, o terror apela àquilo que é o medo, e o horror mais àquilo que é o nojo, propriamente dito. E pronto, era só esta errata que eu tinha a apontar. Por hoje, vamos ficando por aqui. Obrigado por terem estado desse lado. Até para a semana!

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