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A Psique de Guilherme

Dissertações acerca de temas vários levadas a cabo por um adolescente com, nota-se, demasiado tempo nas mãos e opiniões, e assim... A Blogosfera vive!

A Psique de Guilherme

Dissertações acerca de temas vários levadas a cabo por um adolescente com, nota-se, demasiado tempo nas mãos e opiniões, e assim... A Blogosfera vive!

Brainstorm

Avatar do autor Guilherme dos Santos Gomes, 11.07.25

Capítulo I – O Concílio:

 

Guilherme 1 – OK, pessoal, precisamos de pensar em ideias para o especial do aniversário da Psique. Algum de vocês tem sugestões?

Guilherme 2 – Eu estava a pensar numa coisa do género biopic, um especial de 2 horas sobre a escrita do primeiro texto da Psique, ligeiramente dramatizado para parecer interessante.

Guilherme 1 – Não me parece viável fazer isso agora. Ainda temos de nos desenvencilhar das curtas de terror, isso é uma coisa muito elaborada para o tempo que temos. Tu, alguma coisa?

Guilherme 3 – Porque é que não gravas um álbum conceptual sobre a jornada dos últimos três anos? Eu tenho um conhecido que te pode ajudar com os arranjos das músicas, se quiseres!

Guilherme 1 – De novo, é complicado estarmos a fazer isso agora! Não sei até que ponto é que conseguiria escrever 10 ou 12 músicas sobre estar sentado à secretária a escrever porcaria à pressão! E tu?

Guilherme 4 – Eu ainda acho que devias fazer um espectáculo no Teatro, mas tu não queres!

Guilherme 2 – Podemos sempre fazer um bolo gigante, meter-te lá dentro vestido de bailarina, e quando acabarmos de cantar os parabéns, tcharam!

Guilherme 4 – Tens a certeza que não queres ir para o Teatro?

Guilherme 1 – Porra, vocês estão a ouvir o que estão a dizer? A Psique está-se a transformar numa máquina de produção de conteúdo altamente comercializável, com a agravante de não ter público nem rendimento que o justifique! Parece-vos bem estarmo-nos a atirar de cabeça para projectos tão impessoais, tão rebuscados, tão estranhos? Onde é que está a genuinidade? Onde vão os dias em que era só eu, sentado numa cadeira a dizer disparates para uma câmara? Agora somos só sketches, curtas-metragens e porcarias dessas, é? Isto é o 3º aniversário do blogue que um adolescente com demasiado tempo nas mãos criou para não estar sempre a comer e a ver vídeos na Internet! Não vale a pena perder tempo com tretas, que isto não significa absolutamente nada! Sinceramente, é mesmo pelo caminho da futilidade que estamos a pensar em ir?

(Os três respondem afirmativamente, olhando uns para os outros.)

Guilherme 1 – Pronto, então vamos a isso!

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Capítulo II – O Encontro:

 

(Guilherme dorme um sono descansado na sua cama. Acorda com flashes de luz. Olha, e é um alienígena que o está a visitar. Guilherme tenta gritar, mas a sua voz é-lhe retirada pelo visitante.)

Alien – Agora que estás calado, posso-me apresentar. Olá, eu sou a entidade 1172 do planeta Frlhumbnhec-36X. Silenciei-te para não chamares a atenção de outros seres terrestres com quem possas partilhar casa. Comprometes-te a falar num volume aceitável? Se negares, serei obrigado a eliminar-te.

(Guilherme acena positivamente.)

Alien – Ainda bem que chegamos a um entendimento!

Gui – Hum… a que se deve esta visita inesperada? Vou ser abduzido, ou coisa do género?

Alien – Não. Apenas fui enviado pelo Tribunal Intergaláctico para expor a tua hipocrisia e fraqueza emocional.

Gui – Com que finalidade?

Alien – Com a finalidade de mostrar às pessoas que tu não és a pessoa fria e calculista que demonstras ser no teu blogue e canal de YouTube!

Gui – Esta é a ideia mais estúpida que eu já ouvi! Quem é que escreveu isto?

Alien – Foste tu, Guilherme! Tudo isto é fruto da tua mente perturbada e extremamente pequenina!

Gui – OK, mesmo assim, eu só dou a parte fraca se quiser! Não me podes obrigar.

Alien – Pensei que isto ia ser mais fácil, Guilherme. (estala os dedos)

Gui – Eu, Guilherme Gomes, sou um ser emocionalmente instável, incapaz de dizer aquilo que verdadeiramente sinto com medo do que as pessoas possam pensar e de não conseguir recuperar a falsa identidade que idealizei para mim mesmo; tenho um ego extremamente frágil, e refugio-me no humor para ter validação imediata e constante por parte das pessoas, mesmo sabendo que lido mal com elogios, por não saber reagir à forma como eles me desarmam; em discussões, tenho a tendência de falar de forma condescendente e com uma falsa superioridade moral porque só dessa forma é que consigo sentir que “venço” alguma vez na vida; as pessoas pensam que eu escrevo bem, mas na realidade só gosto mesmo é de juntar palavras que me soam engraçadas, às vezes sem saber o seu significado, porque no fundo sou uma criança presa no corpo de um adulto; tenho medo que um dia todos percebam a farsa que verdadeiramente sou, e que a capa do “menino prodígio” caia, para revelar uma pequena alma assustada com a própria existência e com a ideia de ter que crescer; sou gordo, não sou particularmente bonito e, francamente, podia saber cantar melhor.

(acorda do transe)

Gui – O que aconteceu?

Alien – Aconteceu que tu abriste o coração ao Mundo. Já te sentes mais leve?

Gui – Não, por acaso não. Acho que ainda fiquei mais deprimido do que aquilo que costumo estar!

Alien – Não faz mal. Afinal de contas, tudo isto não passou de um producto da tua perturbada mente, lembras-te?

Gui – Como?

(Guilherme acorda, meio confuso. Olha em volta.)

Gui – Ai, afinal foi tudo um sonho!

(Volta-se a deitar. Pisca os olhos. Surge o extraterrestre, deitado com ele.)

Alien – Dorme bem!

(Guilherme levanta-se e grita. Fim!)

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Capítulo III – O Fundo:

 

(Câmara escondida. Guilherme fala ao telemóvel.)

Guilherme – Eu estou a pensar em desistir. Não vejo nenhum caminho para fora disto, acho que já não dou mais! Ainda ontem fui visitado por um alienígena, e apercebi-me do quão ridículo me tornei. Não acho que valha a pena continuar a apostar nesta mentira, sinceramente! A Psique já deu o que tinha a dar, eu já dei o que tinha a dar… francamente, uma reforma aos 19 não me parece nada má ideia! Não, esquece, não vou fazer um vídeo desses, a despedir-me do YouTube. Já não estamos em 2018, poupa-me! Saio de fininho, e também ninguém vai dar conta. Eu estou com o quê? Pouco mais de 300 subscritores? Estou a trabalhar para um nicho! (olha para o lado e vê a câmara) Espera aí só um bocadinho. O que caraças é isto? Porra, e está a gravar! (desliga a câmara)

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Capítulo IV – A Melancolia:

 

(Guilherme está a mexer no computador. Corta para uma compilação de momentos passados d’A Psique. Quando acaba, Guilherme apercebe-se de que, afinal, gosta daquilo.)

Guilherme – Ah, porra! Eu não sei viver sem isto, não adianta!

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Capítulo V – Epílogo:

 

(Pessoas cantam os parabéns à Psique. Guilherme sorri. Fim!)

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