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A Psique de Guilherme

Dissertações acerca de temas vários levadas a cabo por um adolescente com, nota-se, demasiado tempo nas mãos e opiniões, e assim... A Blogosfera vive!

A Psique de Guilherme

Dissertações acerca de temas vários levadas a cabo por um adolescente com, nota-se, demasiado tempo nas mãos e opiniões, e assim... A Blogosfera vive!

Manifesto Anti-Areia

Avatar do autor Guilherme dos Santos Gomes, 29.07.22

O mês de Julho vai chegando ao fim, o que significa que nos aproximamos a passos largos da comummente designada "Temporada Parva". Porque em Agosto parece que não acontece nada. É um mês parvo, lá está. E é a época em que cerca de toda a população do nosso país migra para as zonas costeiras, coisa que eu não entendo. Não entendo, talvez porque nada no imaginário do "fazer praia" me fascina. Pelo contrário, só me repele! Não sou especial apreciador do calor, prefiro o Inverno. Não gosto da sobre-população nas praias do nosso país. Se eu vou para lá é para estar relaxado, não para ter duas famílias que vão para a praia de armas e bagagens dos meus lados, e acabar entalado entre um gordo e um Tupperware com rissóis (santa paciência!). E para além disto (e agora é pessoal) nutro um profundo ódio pela areia. Ah, como eu repudio essa porca! A areia é uma coisa tão, mas tão desagradável, que eu não entendo como é que ainda ninguém teve a ideia de cobrir o areal das praias com soalho até à costa. Para que é que serve a areia? É uma coisa tão fininha (porque sim, não tenho problema nenhum com aqueles seixos enormes que compôem o chão dos primeiros metros de mar) e incómoda, que se entranha em tudo o que é sítio e fica colada em nós. Melhor que UHU! Uma das piores experiências da vida de uma pessoa é chegar a casa, vinda da praia, e constatar que arrastou metade do areal com ela nas virilhas. E o pior é que a areia padece da "Síndrome de Confeti": se contactarmos com ela uma vez que seja, não nos vai largar para o resto da nossa existência! Só em jeito de exemplo, no outro dia deixei cair o meu telemóvel numa das frinchas de um banco do carro do meu pai, meti lá a mão para o ir resgatar, e vim com ela cheia de areia! Como assim? Aquele carro já não vai até à praia há anos, já foi limpo várias vezes no entretanto, e no entanto... E mais: comer na praia. Missão impossível! Eu pessoalmente não sou muito fã de estar na praia a comer uma Bola-de-Berlim e descobrir que afinal é uma sande de queijo, e que aquilo que eu pensava ser o açúcar é, na realidade, a maldita da areia...

Eu acho sinceramente que os Governos de todo o Mundo se deviam reunir e arranjar maneira de acabar com o legado de tirania deste conjunto de partículas de rochas degradadas, um material de origem mineral finamente dividido em grânulos ou granito, composta basicamente de dióxido de silício, com 0,063 a 2 mm!

Foi por todas estas razões que eu escrevi, há cerca de coisa de um ano, um poema que relata o trágico destino de um veraneante que, despreocupado, foi passar um dia à praia. Ei-lo:

Fui passear
Para uma praia lotada
Muita gente, emproada
Para cá e para lá

Meti os pés
Naquela areia escaldante
Saltei logo, e de rompante
Soltei um sonoro "Ah!"

E disse à areia:
Ó areia, cuidadinho
Que queimaste o meu pézinho
E ainda me está a doer!

E a areia disse:
Já cá estava, ora essa
Vai para a praia de Leça
Sai daqui, vai-te... lixar

Pus a toalha
Não quis saber do aviso
Fiquei todo nu na praia
Pois queria ficar moreno

Mas a areia
Vendo-me assim, desatento
Aproveitou o momento
Eu provei do seu veneno

Ao levantar
Senti um grande arranhão
Uma grande comichão
Uma coisa muito feia

Quando fui ver
Nas virilhas, nos sovacos
Em tudo o que era buracos
Podia encontrar areia!

 

E é desta forma solene que eu me despeço de vós (em princípio até Agosto, mas como eu posso ter uma ideia a qualquer momento nunca se sabe). Addio, adieu, aufwiedersehen, goodbye!

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