Retrete-nimento
Guilherme dos Santos Gomes, 03.06.23
Li, no outro dia, que o cheiro a álcool inibe a vontade de vomitar. Curioso, porque normalmente as pessoas que mais cheiram a álcool são aquelas que mais vomitam...
Como têm andado, meus ricos meninos? Tudo bem com vós? Comigo também está tudo, obrigado por perguntarem! A crónica desta semana vai servir como uma homenagem às casas-de-banho e a tudo o que elas significam. Pessoalmente, dou-lhes muito valor, e sei que não sou o único que pensa assim. Antes de mais, queria só expressar a minha admiração pelo facto de o ser-humano, enquanto espécie, ter evoluído no sentido de criar um sítio dentro de casa onde vai para libertar todo o tipo de excreções do corpo. Uma espécie de aterro biológico privado! Acho muito bem que o tenhamos feito. Agora, sim, daremos aos WC o reconhecimento que eles merecem!
A casa-de-banho é um sítio onde, para além de libertarmos... certas situações... também libertamos a mente! Isto porque este é, talvez, o último reduto da privacidade e pacatez. Eu encaro a minha casa-de-banho como um pequeno paraíso. O aroma, decerto, não será o próprio de um paraíso, mas toda a envolvência é. Porque aqui conseguimos estar, finalmente, sós. Alcançamos a nossa paz interior (novamente, tanto a nível físico como psicológico) e ficamos apenas com os nossos pensamentos. Por isso é que, por vezes, se chama à retrete “trono”: porque, uma vez nela sentados, somos os reis e rainhas deste pequeno reino de cocó! Para além disto, realçar a necessidade de ler alguma coisa (ou, nos dias de hoje, mexer no telemóvel) que há quando estamos na sanita! Não sei porquê, mas parece que os sistemas excretor e digestivo não funcionam a menos que estejamos a ser mentalmente estimulados. Considero algo estranhíssimo!
Outro sítio que eu adoro, na minha casa-de-banho, é o polibã. Porque eu tomo banho num polibã. Outras pessoas haverão que tomem numa banheira, mas eu tomo num polibã. E posso dizer que prefiro o polibã, porque se toma banho mais à vontade, no polibã. Além de que, no polibã, se evita mais o desperdício de água. O polibã, pode-se dizer, é mais amigo do ambiente. O polibã... Deu para reparar que eu acho muita graça à palavra polibã? Não? Ainda bem. Bom, dizia eu, o polibã é, para além do sítio onde eu faço a minha higiene pessoal, a minha maior fonte de inspiração! Não sei porquê, mas aquela mistura do som da água a correr, com o quentinho da água a cair no lombo e com a visão de mim em nu integral, faz-me ter ideias como não tenho em mais nenhum lado! Invento poemas, tenho ideias para crónicas, para sketches, tudo! Foi, aliás, num dos meus duches que eu, em meados do Verão do ano passado, tive a excelente ideia de criar um blogue! Portanto, o meu grande obrigado a quem inventou o chamado polibã!
Antes de me ir, queria prestar uma outra homenagem a uma das grandes instituições das casas-de-banho. Esta é uma tradição mais europeia, mas eu acho que deveria ser adoptada em todo o planeta. No entanto, o que se tem verificado é justamente o contrário: uma queda no desuso! Falo, é claro, do bidé. O bidé é um objecto pelo qual eu tenho um sentimento algo agridoce. Se, por um lado, eu raramente (para não dizer nunca) uso o bidé – por exemplo, tenho dados que comprovam que não recorri aos seus serviços nos últimos 180 dias úteis – por outro, posso dizer que sentiria a sua falta! Um WC não é o mesmo sem o seu bidé. Tirar o bidé de uma casa-de-banho seria a mesma coisa que acabar com a monarquia no Reino Unido: o Rei não serve para nada, é só um fantoche, mas aquilo não seria a mesma coisa sem ele (reparem como eu, subtilmente, comparei o Rei Carlos a um objecto de porcelana que serve para limpar, vamos lá ver... o cu, que é mesmo assim! Classe!).
E pronto, no fundo era só isto que eu tinha para dizer sobre este tema. Valorizem as vossas casas-de-banho, que elas não duram sempre! E reparem que eu consegui fazer toda uma crónica sobre casas-de-banho sem recorrer a humor escatológico! Vá, sem recorrer a MUITO humor escatológico... Mas, ainda assim, classe! Até para a semana!