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A Psique de Guilherme

Dissertações acerca de temas vários levadas a cabo por um adolescente com, nota-se, demasiado tempo nas mãos e opiniões, e assim... A Blogosfera vive!

A Psique de Guilherme

Dissertações acerca de temas vários levadas a cabo por um adolescente com, nota-se, demasiado tempo nas mãos e opiniões, e assim... A Blogosfera vive!

Como os Meteorologistas do Quotidiano Levam a Cabo a Exaltação do Óbvio

Avatar do autor Guilherme dos Santos Gomes, 12.08.22

Esperem aí, deixem-me ver se entendi: ainda não chegamos a meio de Agosto e o Continente já está a anunciar o Regresso Às Aulas? Calma, chavalo! Qual é a pressa?

Hoje trago-vos mais dois fenómenos interessantíssimos que eu pude observar nas minhas deslocações ao litoral (que não foram muitas, mas foram boas). A primeira tem que ver com uma redundância e a segunda está relacionada com a indecência e a própria imundice. Ficaram curiosos, não foi? Imaginem se eu decidisse acabar o texto por aqui. Iam ficar tão augadinhos, os meninos. E os suicídios que ia haver! Mas não se preocupem, que eu não vos faço uma coisa dessas...

O primeiro fenómeno é o das pessoas que vão à praia, no pico do Verão, e dizem "Ui! Que calor!". De que é que eles estavam à espera? De encontrar pinguins a correr na Caparica? Malta a esquiar nas dunas de Salir do Porto? Um campeonato de patinagem artística em Benagil? Se estão a ir à praia em Agosto, é mais do que normal que esteja calor. Ou iam estar 38ºC no paredão e, ao avançar para o areal, a temperatura caía para os 16ºC? O problema é que se isto acontecesse, toda a gente ia dizer “Ai! Está fresquinho ou é impressão minha?”, porque nós nunca estamos satisfeitos com nenhum estado do clima. Se está calor, é porque está calor. Se está frio, é porque está frio. Se está um tempo ameno, confortável, nem muito húmido nem muito seco, e corre uma brisa suave de nor-noroeste, é porque está um tempo ameno, confortável, nem muito húmido nem muito seco, e corre uma brisa suave de nor-noroeste! Aposto que isto é gente que vai à praia com o mesmo espírito que todos os anos leva a comunicação social a desenterrar a Maddie: a esperança que aconteça um milagre. Só que no caso dos veraneantes, isso apenas seria possível durante a Idade do Gelo; e no caso da Maddie, era preciso procurar numa arca congeladora... Esta piada serve mais para filtrar o pessoal que chegou à página agora. Se se sentiram indignados ou até indispostos, o melhor é irem puxar os “Malucos do Riso” para trás, que isto é capaz de não ser o ideal para vocês...

O outro apontamento que tenho para hoje está relacionado com as pessoas que usam os sete mares como WC. Este é um acontecimento mais comum do que se pensa, porque dá-me ideia que as pessoas gostam de fazer xixi para as Américas, ou o que é. Se na crónica “Anatomia de Poseidon” eu vos chamei a atenção para aqueles senhores que se plantam à beira-Atlântico e dali não arrancam pé, agora peço-vos para que reparem naqueles que mergulham só até à linha da cintura. Estes costumam ter um comportamento estranho, muito motivado pela emergência que é uma bexiga cheia. Habitualmente avançam destemidos pelo mar, conferem se não há ninguém em volta, e começam o processo. É possível dizer com certeza quando é que a excreção da urina começa, pois os mijões colocam uma expressão de extrema satisfação e prazer que não engana ninguém. E também pela tintura meia amarelada com que a água fica. Isto até acaba por ser algo que, embora repugnante, confere um enorme conforto, não só pelo alívio que é causado pela libertação desta secreção renal, mas porque a área circundante a estes urinadores implacáveis fica consideravelmente mais quente. Ninguém me tira da cabeça que é destes génios que nós precisamos a governar o nosso país!

E pronto, depois de falar de pleonasmos, micções e crianças desaparecidas, acho que não tenho mais nada a acrescentar. Resta-me desejar-vos felicidades e enviar-vos um beijinho, mas daqueles bastante sonoros e humidozinhos, está bem? Vá, continuação!

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Manifesto Anti-Areia

Avatar do autor Guilherme dos Santos Gomes, 29.07.22

O mês de Julho vai chegando ao fim, o que significa que nos aproximamos a passos largos da comummente designada "Temporada Parva". Porque em Agosto parece que não acontece nada. É um mês parvo, lá está. E é a época em que cerca de toda a população do nosso país migra para as zonas costeiras, coisa que eu não entendo. Não entendo, talvez porque nada no imaginário do "fazer praia" me fascina. Pelo contrário, só me repele! Não sou especial apreciador do calor, prefiro o Inverno. Não gosto da sobre-população nas praias do nosso país. Se eu vou para lá é para estar relaxado, não para ter duas famílias que vão para a praia de armas e bagagens dos meus lados, e acabar entalado entre um gordo e um Tupperware com rissóis (santa paciência!). E para além disto (e agora é pessoal) nutro um profundo ódio pela areia. Ah, como eu repudio essa porca! A areia é uma coisa tão, mas tão desagradável, que eu não entendo como é que ainda ninguém teve a ideia de cobrir o areal das praias com soalho até à costa. Para que é que serve a areia? É uma coisa tão fininha (porque sim, não tenho problema nenhum com aqueles seixos enormes que compôem o chão dos primeiros metros de mar) e incómoda, que se entranha em tudo o que é sítio e fica colada em nós. Melhor que UHU! Uma das piores experiências da vida de uma pessoa é chegar a casa, vinda da praia, e constatar que arrastou metade do areal com ela nas virilhas. E o pior é que a areia padece da "Síndrome de Confeti": se contactarmos com ela uma vez que seja, não nos vai largar para o resto da nossa existência! Só em jeito de exemplo, no outro dia deixei cair o meu telemóvel numa das frinchas de um banco do carro do meu pai, meti lá a mão para o ir resgatar, e vim com ela cheia de areia! Como assim? Aquele carro já não vai até à praia há anos, já foi limpo várias vezes no entretanto, e no entanto... E mais: comer na praia. Missão impossível! Eu pessoalmente não sou muito fã de estar na praia a comer uma Bola-de-Berlim e descobrir que afinal é uma sande de queijo, e que aquilo que eu pensava ser o açúcar é, na realidade, a maldita da areia...

Eu acho sinceramente que os Governos de todo o Mundo se deviam reunir e arranjar maneira de acabar com o legado de tirania deste conjunto de partículas de rochas degradadas, um material de origem mineral finamente dividido em grânulos ou granito, composta basicamente de dióxido de silício, com 0,063 a 2 mm!

Foi por todas estas razões que eu escrevi, há cerca de coisa de um ano, um poema que relata o trágico destino de um veraneante que, despreocupado, foi passar um dia à praia. Ei-lo:

Fui passear
Para uma praia lotada
Muita gente, emproada
Para cá e para lá

Meti os pés
Naquela areia escaldante
Saltei logo, e de rompante
Soltei um sonoro "Ah!"

E disse à areia:
Ó areia, cuidadinho
Que queimaste o meu pézinho
E ainda me está a doer!

E a areia disse:
Já cá estava, ora essa
Vai para a praia de Leça
Sai daqui, vai-te... lixar

Pus a toalha
Não quis saber do aviso
Fiquei todo nu na praia
Pois queria ficar moreno

Mas a areia
Vendo-me assim, desatento
Aproveitou o momento
Eu provei do seu veneno

Ao levantar
Senti um grande arranhão
Uma grande comichão
Uma coisa muito feia

Quando fui ver
Nas virilhas, nos sovacos
Em tudo o que era buracos
Podia encontrar areia!

 

E é desta forma solene que eu me despeço de vós (em princípio até Agosto, mas como eu posso ter uma ideia a qualquer momento nunca se sabe). Addio, adieu, aufwiedersehen, goodbye!

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